sexta-feira, 27 de maio de 2016

LIÇÃO 09 – A NOVA VIDA EM CRISTO

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000  Fone: 3084 1524

2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 12.1-12)

INTRODUÇÃO

A partir do capítulo 12 da Epístola aos Romanos, Paulo passa de uma exposição doutrinária para uma exposição prática, a fim de transformar a doutrina cristã em ação. Quando uma pessoa é alcançada pelo poder do evangelho, ela deve ter uma vida consagrada diante de Deus; e, como consequência seu relacionamento diante do mundo, da igreja e dos seus opositores devem ser condizentes com a nova vida em Cristo.

I  – A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A DEUS

O apóstolo roga aos cristãos romanos que se consagrem ao Senhor, apoiando o seu pedido no amor que Ele tem por nós. Paulo utiliza-se aqui da linguagem do “sacrifício” remetendo-nos ao AT. Em Levítico, são listados quatro tipos de sacrifícios (Lv 1.3-17; 2.1-16; 3.1-17; 4.1-5; 5.14-16). Todos estes sacrifícios podem ser reduzidos a somente dois: (a) o primeiro, abrangendo aqueles sacrifícios oferecidos antes da reconciliação e os que visavam obtê-la; e, (b) o segundo, os sacrifícios oferecidos depois da reconciliação e para celebrá-la. Isto aponta para uma verdade bem clara no NT. O sacrifício pelo pecado foi efetuado por Cristo (Gl 1.4; 2.20; Ef 5.2,25; I Tm 2.6; Tt 2.14; Hb 9.14); o sacrifício por gratidão pela absolvição é feita pelo pecador redimido. “O sacrifício da expiação oferecido por Deus na pessoa do seu Filho agora deveria encontrar a sua resposta no crente no sacrifício de uma completa consagração e de uma íntima comunhão (BEACON apud GODET, 2006, p. 158).
1.1 O cristão a oferta de gratidão (Rm 12.1). Paulo apela aos cristãos Romanos, que tenham a consciência que, antes seus corpos que eram servos do pecado para a morte, agora, que foram comprados por Cristo, devem ser consagrados a Ele “[...]apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” . “O termo grego para apresentar usado por Paulo em Romanos 12 é 'parastesai'. Em Rm 6.13,16,19, ele é traduzido como entregar e também apresentar, e é usado para expressar a ideia de colocar o corpo à disposição de Deus ou do pecado dependendo da nossa escolha (2 Co 4.14; 11.2; Ef 5.27; Cl 1.22, 28)” (BEACON, 2006, p. 159 – acréscimo nosso).

ASPECTOS DO SACRÍCIO DO CRENTE
DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO

Vivo
O sacrifício do corpo do cristão é descrito como “vivo” em contraste com os sacrifícios realizados na Antiga Aliança cuja vida era tirada antes de ser apresentada sobre o altar (Lv 1.5- 9). Antes da nossa conversão oferecíamos os membros do nosso corpo ao pecado (Rm 6.12-14). Agora, na Nova Aliança, oferecemos nosso corpo como sacrifício vivo a Deus (Rm 12.13-b).

Santo
A palavra “santo” quer dizer “separado”. Em suas epístolas, o apóstolo Paulo sempre exortou as igrejas sobre a necessidade e o dever de terem uma vida santificada, ou seja, separada do pecado e consagrada a Deus (Rm 6.19,22; 12.1; I Co 1.30; 6.11; I Ts 4.3-7; II Ts 2.13; I Tm 2.15; II Tm 2.21).


Agradável
Segundo Aurélio (2004, p. 71) a palavra “agradável” quer dizer: “aprazível, deleitável”. A Bíblia nos orienta a agradarmos a Deus (Ef 5.10; Cl 1.10; I Ts 4.1; II Tm 2.4). “Nenhum culto é agradável a Deus quando é unicamente interior, abstrato e místico; nossa adoração deve expressar-se em atos concretos de serviço manifestados em nosso corpo”  (LOPES  apud STOTT, 2010, p. 399). Confira: (Mt 5.16; Hb 13.16).

II  - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO

Depois de rogar aos cristãos de Roma sobre qual deveria ser a postura do servo de Deus diante dEle (Rm 12.1). Paulo orienta-os também quanto ao procedimento destes diante do mundo (Rm 12.2). Para o apóstolo, não bastava ser consagrado a Deus, senão houvesse demonstração pública desta consagração. Precisamos manifestar a que abraçamos diante do mundo. Mas, segundo Paulo, qual deveria ser a postura do cristão diante desta era:
2.1  O cristão não deve conformar-se (Rm 12.2-a). A palavra “conformar” segundo o Aurélio (2004, p.522) significa: “adequar, moldar”. Segundo a Bíblia de Palavra Chave (2009, p. 2416) a palavra conformar no grego “syschematidzo” significa: “moldar de modo semelhante, isto é, em conformidade com o mesmo padrão”. O apóstolo está exortando aos cristãos romanos a não se ajustarem ao modo corrupto de viver do mundo. O termo mundo aqui refere-se ao mundo dos homens em rebelião contra Deus, e assim caracterizado por tudo o que está em oposição a Ele. Envolve os valores do mundo, seus prazeres, suas atividades e aspirações. “O mundo tem uma fôrma. Essa fôrma é elástica e flácida. A fôrma do mundo é a fôrma do relativismo moral, da ética situacional e do desbarrancamento da virtude. O crente é alguém que não põe o pé nessa fôrma” (LOPES, 2010, p. 401).


2.2  O cristão deve transformar-se (Rm 12.2-b). A Bíblia não só mostra o que devemos evitar “não vos conformeis”, mas o que devemos praticar “mas, transformai-vos”. A palavra “transformar” segundo Aurélio (2004, p. 3338) significa: “dar nova forma, feição ou caráter”. Segundo a Bíblia de Palavra Chave (2009, p. 2416) a palavra transformar no grego “metamorphoõ” significa: “mudar, transfigurar, transformar”. A ideia do apóstolo é que ao invés de nos moldarmos ao mundo, devemos nos transformar  pela  renovação  da  mente.  Enquanto  o  diabo  age  cegando  a  mente  dos incrédulos (II Co 4.4) e o pecado obscurecendo (Ef 4.18). O Espírito Santo age renovando o entendimento (Rm 12.2).

III - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A IGREJA

Quando um homem é transformado pela ação do evangelho seus relacionamento são também transformados. Segundo Lopes (2010, p. 398) “não podemos ter um relacionamento vertical correto se os relacionamentos horizontais estão errados”. Paulo diz como deve ser o comportamento dos salvos entre si, como veremos abaixo:
3.1          Humildade (Rm 12.3). Segundo Aurélio, humildade significa: ausência completa de orgulho, rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito”. No presente versículo Paulo orienta os cristãos a serem humildes, combatendo abertamente o sentimento nocivo de complexo da superioridade “não pense de si mesmo além do que convém”. O próprio apóstolo diz que o que ele possui é pela graça “Porque pela graça que me é dada”. A humildade está associada a uma consciência de que tudo que temos ou somos vem do Senhor (Sl 24.1; I Cr 29.14). Por isso, a Bíblia nos exorta a trilhar o caminho da humildade (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Ef 4.2; Fp 2.3; Cl 3.12; I Pe 5.5).
3.2      Equilíbrio (Rm 12.3; 4-8). Paulo aconselha os cristãos a serem equilibrados no conceito que tem de si mesmos “antes, pense com moderação”, combatendo tanto o complexo de superioridade quanto de inferioridade quando mostra que, embora tenhamos diferentes dons, cada membro tem a sua importância no corpo de Cristo (Rm 12.4,5). Se faz necessário entender que pertencemos uns aos outros, ministramos uns aos outros e precisamos uns dos outros. Pois, no corpo de Cristo há: (a) individualidade (Rm 12.5); (b) diversidade (Rm 12.4-6-a); (c) mutualidade (Rm 12.5); e, (e) utilidade (Rm 12.6-b; 8). “Os dons espirituais são instrumentos que devem ser usados para a edificação, não brinquedos para a recreação nem armas de destruição” (LOPES apud WIERSBE, 2010, p. 402).
3.3      Amor (Rm 12.9-10). O amor é uma virtude que predispõe alguém desejar o bem de outrem. É a palavra que representa o Cristianismo (Jo 13.35). É uma das virtudes do fruto do Espírito (Gl 5.22). Portanto, deve estar presente em nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo (Lc 10.27; Rm 13.9; Gl 5.14), como evidência de que o Espírito Santo está em nós (Rm 5.5).
3.4      Hospitalidade (Rm 10.13). O Aurélio diz que a palavra hospitaleiro “é a pessoa que dá hospedagem por bondade ou caridade”. As Escrituras revelam que a hospitalidade deve se estender aos crentes e também aqueles que ainda estão no mundo (Gl 6.10; Hb 13.2). “A hospitalidade é o amor expressado” (ZUCK, 2008, p. 402). Portanto, q uem afirma ser cristão, mas tem o coração insensível diante do sofrimento e da necessidade dos outros, demonstra cabalmente que não tem o amor de Deus (Mt 25.41-46; I Jo 3.16-20).

IV - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AOS INIMIGOS

Seguindo o mesmo ensinamento do Senhor Jesus Cristo, Paulo ensina que o evangelho produz uma transformação tão grande na vida do pecador, ao ponto de orientá-lo a agir diferente até mesmo com os seus opositores (Mt 5.44; Lc 6.27,35; Rm 12.14,17-20). Vejamos detalhadamente o que nos diz o apóstolo:
4.1  Abençoai os que perseguem (Rm 12.14). Os cristãos do primeiro século sofreram grandes perseguições por causa da fé que abraçaram. Parece ser incoerente que Paulo no presente versículo oriente os servos do Senhor a abençoar aqueles que lhe fizeram agravo. Todavia, a orientação é abençoar até mesmo aqueles que nos querem o mal (Mt 5.44).
4.2  A ninguém torneis o mal com o mal (Rm 12.17; 18-20). Jesus ensinou que devemos dar a outra face, ou seja, não retribuirmos as afrontas ou os males que sofremos (Mt 5.39). Pagar o mal com o mal, devolver a agressão na mesma moeda, não expressam a graça de Deus (Mt 5.46,47). O cristão não deve vingar-se porque esta é uma atribuição exclusivamente divina (Rm 12.19). Segundo Lopes (2010, p. 414), “pagar o bem com o mal é demoníaco. Pagar o mal com o mal é retribuição humana. Pagar o mal com o bem é graça divina”.
4.3  Tenham paz com todos quando possível (Rm 12.18). Neste presente versículo vemos que a paz é imperativa, ou seja, a Escritura ordena que no que depender de nós devemos ter paz com todos. Segundo o escritor aos hebreus, essa paz é tão importante quanto a santidade (Hb 12.14).

CONCLUSÃO

Cada cristão deve seguir a recomendação apostólica de Paulo, quanto a entrega do corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Tal devoção deve resultar numa postura consagrada em todas as áreas da nossa vida.

REFERÊNCIAS

·         APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. Vol. 02. CPAD.
·         HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. Vol 08. CPAD.
·         LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos. HAGNOS.

·         ZUCK, Roy. Teologia do Novo Testamento. CPAD.

0 comentários:

Postar um comentário