Igreja Evangélica
Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor
Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo
Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084
1524
2º TRIMESTRE 2015
(Lc
9.38-42,46-50)
INTRODUÇÃO
O registro de Lucas nos informa que
após Jesus ter passado a noite em oração, chamou para si os seus discípulos e,
escolheu dentre eles doze, nomeando-os, por sua vez, de apóstolos (Lc 6.12-16),
e Marcos ainda acrescenta, que Cristo os nomeou para que estivessem com Ele,
(Mc 3.14). Esta lição tem como objetivo mostrar que a limitação humana, é um
princípio que nos torna humanos, e que no colegiado dos apóstolos suas
limitações foram percebidas, mas Jesus, o Mestre por excelência, os
discipulando, capacitou-os para Sua grande Obra.
I
– DEFININDO A PALAVRA-CHAVE
A palavra-chave que norteará o nosso estudo é a palavra “limitação”,
que segundo Aurélio, aponta para a “insuficiência, a finitude e
a dependência de outrem” (FERREIRA, 2004, p. 1208). A
lista que elenca os nomes dos doze apóstolos deixa bem claro que Jesus não os
nomeou com base em critérios sobre-humanos ou divinos, pelo contrário, suas
nomeações se deram exclusivamente pela graça de Deus que lida com as limitação
humana (2 Co 4.7). Na tabela abaixo, veremos que os apóstolos eram homens
simples, limitados, imperfeitos, finitos e totalmente dependentes do seu
Mestre. Eles eram homens, não super-homens! (Lc 6.12-16).
NOMES
|
LIMITAÇÕES HUMANAS
|
REFERÊNCIAS
|
Pedro
|
Um pescador cheio de dúvidas, impulsivo, inseguro,
de temperamento fortíssimo
|
Mt 4.18; 14.31; 26.33,35,69-75; Jo 18.10
|
André
|
Um pescador cuja visão do Cristo era limitadíssima
|
Mt 4.18; Jo 6.8,9
|
Tiago
|
Um pescador de temperamento instável, explosivo e
egoísta
|
Mt 4.21; Mc 10.37; Lc 9.54
|
João
|
Um pescador de natureza explosiva, enérgica e
imprevisível
|
Mc 9.38; Lc 9.49,54
|
Filipe
|
Um homem descrente no campo dos milagres
|
Jo 6.5-7
|
Bartolomeu
|
Um homem cuja fé era oscilante
|
Mt 10.3; Lc 6.14; 8.22-25
|
Mateus
|
Um cobrador de impostos com uma vida
fragilizada
|
Mt 9.9-11; Mt 26.56
|
Tomé
|
Um homem ansioso, cético (incrédulo)
|
Jo 20.27
|
Tiago filho de Alfeu
|
Filho de Maria, conhecido como o Menor
|
Mc 15.40; Lc 8.22-25
|
Simão zelote
|
Um homem movido pelo “zelo” do partido político do
qual era membro
|
Mt 10.4; Mc 3.18; Lc 6.15
|
Judas filho de Tiago
|
Um homem dominado pelo medo
|
Lc
8.22-25; Mt 26.56
|
Judas Iscariotes
|
Um tesoureiro ambicioso e infiel
|
Mt 26.14-16; Mc 14.10,11; Jo 12.6
|
II – AS LIMITAÇÕES NOS PORMENORES
O capítulo nove de Lucas mostra os
discípulos de Jesus sendo lapidados pelo Mestre, no que diz respeito, a algumas
finitudes que tinham acerca das virtudes do Reino dos Céus. Vejamos: (1)
Grandeza (Lc 22.24-30). O texto diz que houve uma “discussão”, uma
“disputa”, uma “contenda” entre os discípulos em querer saber quem era o maior
entre eles. O Homem limitado vê a grandeza na posição, no cargo, na liderança,
no poder, na influência, nos diplomas de nível superior... Jesus os ensinou que
quem quiser ser grande que seja o menor. (2) Exclusivismo (Lc 18.15-17). O
exclusivista quer tudo só para si, para seu uso ou gozo pessoal, os discípulos
eram tão exclusivistas que quiseram impedir até as criancinhas de ir ter com
Jesus e serem abençoadas por Ele. (3) Valores empobrecidos. Avareza,
ansiedade, ódio e ressentimento e outros comportamentos dos discípulos revelam
o quanto eles estavam aquém da realidade do ministério de Jesus Cristo (Lc
9.49,50; 12.13,14,22-34; 17.3,4). Mas nem por tais limitações, eles deixaram de
ser escolhidos. Nos dias atuais, o ciclo não é diferente (Jesus identifica as
limitações, faz as devidas transformações e, capacita para sua Obra), Jesus
continua escolhendo homens e mulheres limitados.
III – O ÁPICE DA LIMITAÇÃO
HUMANA
O registro Lucano (Lc 9.38-42) revela o ponto mais alto
da limitação dos discípulos, a falta de fé, isto é, a desconfiança em
Deus. No dia em que Jesus viajou na companhia dos seus discípulos à Gadara, o
Mestre fez algumas considerações quanto a ausência deste elemento indispensável
na vida dos apóstolos. "... Onde está a vossa fé?" (Lc
8.25); "Ainda não tendes fé?" (Mc 4.40). Jesus estava
lhes ensinando que a fé verdadeira é manifesta em todos os momentos da vida,
inclusive nos momentos mais adversos. A palavra "fé" possui
vários significados e, só podem ser definidos dentro do contexto onde ela está
inserida. O dicionário Aurélio define esta palavra como “crença religiosa”,
“confiança” (FERREIRA, 2004, p. 880). Já no hebraico "fé" é
"heemim" e no grego é "pisteuõ"
que aludem para a confiança que depositamos em todas as providências
de Deus (ANDRADE, 2006, p. 188 – acréscimo nosso). A fé faz com que vejamos o
invisível e acreditemos no inacreditável.
IV – DISCÍPULOS SENDO
DISCIPULADOS
A vida é uma escola que não camufla a limitação
ou a incapacidade humana. Os discípulos de Cristo, deparam-se com uma situação
que lhes exigia demonstração de fé (Lc 9.37-43), mas eles estavam limitados
quanto a ela, pois a fé é fruto de uma vida plena em comunhão com Deus (Hb
11.6) e eles em alguns
momentos, por não desfrutarem desta comunhão plena, não
a externaram
(Lc 22.45,46). Contudo, foram discipulados por Cristo.
4.1. Pobres de fé. O
evangelista Lucas, discorre a narrativa de um jovem lunático que desde a infância sofria possessão demoníaca. O pai recorreu aos
discípulos para eles expulsarem o espírito maligno do seu filho, mas eles não
puderam (Lc 9.37-40). A pergunta
deles a Jesus foi: “Por que não podemos expulsá-lo?” (Mt 17.19).
Jesus lhes apresenta duas razões pelas quais suas limitações humanas inibiu a
autoridade espiritual de expulsar o espírito imundo:
4.1.1.
“... pequena fé” (Mt 17.20; 21.21). Na narrativa de
Mateus (Mt 17.14-21) A expressão grega para “pequena fé” apresentada no
texto é “apistia” que aponta para a “incredulidade”, a
“descrença” ou a “dúvida” dos discípulos (PALAVRAS-CHAVES, 2009, p. 570). O
insucesso ou a falta de autoridade dos discípulos se deu por causa da dúvida, a
incredulidade é fruto de um coração ausente de fé.
4.1.2.
“... Mas, esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e jejum” (Mt
17.21). A expressão adversativa “mas” apresentada no
texto significa “além disso”, ou seja, os discípulos não puderam expulsar a
casta de demônios do jovem, primeiro, porque eram incrédulos para expulsar e,
além disso, eles precisavam de ter uma vida plena de comunhão com o Pai, por
meio dos caminhos da oração e jejum.
4.1.3.
A grande lição. Jesus estava lhes ensinado que se eles buscassem
uma comunhão profunda com Deus como também o conhecimento das Escrituras (Lc
24.25), seus corações se encheriam de fé, o que lhes daria autoridade
espiritual, de expulsar não só a casta de demônio, como também, confiança em
Deus de remover montanhas, operar milagres e curas, e realizar grandes coisas
para Deus (Jo 14.12).
V –
HOMENS LIMITADOS MAS CAPACITADOS PELO ESPÍRITO SANTO
Os evangelhos, como também, o livro
dos Atos dos Apóstolos, registram que os discípulos se aplicaram nos ensinos de
Cristo (At 1.1), a saber, a oração, o jejum e a leitura das Escrituras (conhecimento
escriturístico).
5.1.
Oração. A oração nos coloca a disposição do Pai. Jesus
nos deixou grandes exemplos de oração (Mt 14.23; 26.36,44; Mc 6.46; 14.32; Lc
3.21; 5.16; 6.12; 9.18, 28; 22.41). Certa vez os discípulos pediram: “Senhor,
ensina-nos a orar... (Lc
11.1); e eles colocaram em prática “... todos estes perseveraram
unanimemente em oração e súplicas..” (At 1.12-14), “Pedro e João
subiam juntos ao templo à hora da oração a nona” (At 3.1), “E,
tendo eles orado...” (At 4.31).
5.2.
Jejum. O jejum é amigo da oração. Ele é um dos
elementos de adoração de valor inigualável que prepara a alma da pessoa para o
desempenho de tarefas elevadas (CHAMPLIN, 2004, p. 442 – acréscimo nosso).
Jesus observava esta prática. “... E naqueles dias, não comeu coisa
alguma...” (Lc 4.2), a pratica do jejum também foi aplicada pelos
discípuos “Na igreja de Antioquia... E, servindo eles ao Senhor e
jejuando...” (At 13.1,2).
5.3.
Conhecimento Escriturístico. Lucas registra o
conhecimento escriturístico de Jesus “Está escrito...” (Lc 4.4,8,12); “Não
tendes lido...” (Mt 19.4); “... nunca leste...” (Mt
21.16), etc. Os discípulos se dedicaram as escrituras: “Pedro... levantou
a voz... foi dito pelo profeta Joel...
Porque dele disse Davi... Porque Moisés disse... (At 2.14-16,25,34; 3.22).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza, isto
é, nas limitações (1 Co 12.9). O princípio que nos torna humano, pode sim ser
lapidado por Cristo. Nossas imperfeições podem ser trabalhadas, a partir da
iniciativa de buscarmos a Deus por meio da oração, do jejum, da meditação da
Palavra... Consequentemente, seremos capacitados pelo Espírito Santo, nossos
corações serão cheios de fé e, assim, estaremos cooperando com o Reino de Deus,
com a mesma ousadia e intrepidez dos apóstolos.
REFERÊNCIAS
·
GREGO E HEBRAICO. Bíblia de Estudo
Palavras-Chave Hebraico e Grego. CPAD.
·
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
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