Igreja Evangélica
Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor
Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo
Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084
1524
2º TRIMESTRE 2015
(Lc
8.1-3)
INTRODUÇÃO
Como vimos na primeira lição, uma
das características especiais do evangelho segundo Lucas é colocar em
evidência, o valor das pessoas, que na ótica da sociedade judaica do primeiro
século, não tinham. O registro lucano destaca de forma muito especial à
presença ativa das mulheres no ministério público de Jesus Cristo, bem como, o
tratamento que estas receberam do Mestre. Nesta lição, veremos a definição de
alguns conceitos, descreveremos uma breve narrativa de como viviam as mulheres
em sociedade nos dias de Jesus; pontuaremos o olhar inusitado que Cristo deu a
estas mulheres, e, por fim, exemplificaremos a participação de algumas mulheres
que ajudaram e ainda ajudam a Obra de Cristo.
I
– DEFINIÇÕES DE ALGUNS CONCEITOS
O verbo “ajudar”, do latim “adjutare” significa
obviamente dar ajuda a; ou seja, prestar um favor a alguém (FERREIRA,
2004, p. 80 – grifo e acréscimo nosso).
Logo, podemos afirmar que prestar um favor é fazer um serviço a
outrem. O substantivo “serviço” do hebraico “abodah” e do grego “diakonia”
significa exatamente isto, “serviço”, isto é, a prestação de um
“trabalho” quer seja de ordem secular, religioso ou espiritual (CHAMPLIN, 2004,
p. 176 – acréscimo nosso).
1.1.
A composição do grupo de discípulos de
Cristo (Lc 6.17; 8.1-3). O grupo de discípulos
de Jesus tinha em sua composição geral, homens
e mulheres, algo jamais visto na sociedade judaica. Na maioria dos casos,
quando o substantivo "discipulo"
é empregado no texto sagrado, o texto está fazendo referência ao grupo
de seguidores de Jesus sem especificação de gênero no grupo, aludindo tanto a
homens quanto a mulheres. Contudo, quando o texto sagrado quer fazer menção ao
grupo seleto dos apóstolos, o substantivo "mulher" é destacado no texto
como vemos em Lc 8.1-3. (GONÇALVES, 2015, pp. 75,76 – acréscimo nosso).
1.2. Mulheres seguidoras de Jesus. Na lição anterior, vimos que o discípulo a luz dos
Atos dos Apóstolos refere-se aqueles que creem em Jesus e confessam o seu nome.
Normalmente os mestres do judaísmo não tinham mulheres entre seus discípulos,
mas Lucas descreve que a missão do Filho do Homem não se limitou aos excluídos
economicamente, mas também aos excluídos socialmente, como as mulheres. As
mulheres também seguiam de cidade em cidade a Jesus e aos seus apóstolos,
cooperando com a expansão da pregação do Reino de Deus (Lc 8.1-3; Jo
4.28-29).
II – A MULHER NOS DIAS DE JESUS
A sociedade nos dia de Jesus tratava as mulheres como “objetos”, seres
inferiores aos homens. O escritor judeu Filo de Alexandria, contemporâneo de
Jesus, e o escritor e historiador J. Jeremias resume o pensamento social que se
tinha sobre as mulheres no judaísmo do primeiro século. Abaixo destacamos
alguns pontos importantes.
2.1.
A mulher era proibida de frequentar os mesmos lugares que os homens
frequentavam. “Praças, reuniões do
conselho, tribunais, associações, ajuntamentos de grandes massas e o
relacionamento cotidiano a céu aberto, por meio da palavra e da ação, na guerra
e na paz, são apropriados apenas aos homens” (STEGEMANN, W. &. STEGEMANN,
2004, apud, GONÇALVES, 2015, p. 76).
2.2.
O lugar que cabia às mulheres. “As
mulheres deveriam cuidar do lar e permanecer em casa; mais exatamente, as
virgens devem (ficar) nos aposentos mais retirados e encarar as portas de
acesso como seu limite; as mulheres casadas, por sua vez, as portas da casa. A
mulher, portanto, não devia se preocupar com qualquer coisa que vá além das
obrigações da economia doméstica” (STEGEMANN, W. &. STEGEMANN, 2004, apud,
GONÇALVES, 2015, p. 76).
2.3.
A mulher fora da sua casa. “As
mulheres não podiam sair de casa sem terem seus rostos cobertos por uma espécie
de burca (Roupa feminina que caracterizava a vestimenta das mulheres orientais,
que reveste e oculta todo o corpo, até mesmo os cabelos, e possui uma tela à
altura dos olhos, por entre a qual se pode ver) (DICIONÁRIO HOUAISS ON LINE).
Dessa forma não era possível nem mesmo reconhecer seu rosto. A mulher que saía
de casa sem ter a cabeça coberta, que dizer, sem o véu que ocultava o rosto,
faltava de tal modo aos bons costumes que o marido tinha o direito, até mais,
tinha o dever de despedi-la sem ser obrigado a pagar a quantia que, no caso de
divórcio, pertencia à esposa, em virtude do contrato matrimonial” (JEREMIAS,
apud, GONÇALVES, 2015, p. 77).
2.4.
As regras do decoro. “Dentro da
cultura judaica, tais regras, proibiam o homem encontrar-se sozinho com uma
mulher, olhar para uma mulher casada, e até mesmo cumprimentá-la. Seria
vergonhoso para um aluno de escriba falar com uma mulher na rua. Aquela
que conversasse com alguém ou ficasse do
lado de fora de sua casa podia ser repudiada” (JEREMIAS, apud, GONÇALVES, 2015,
p. 77 – acréscimo nosso).
III – JESUS VALORIZOU A PESSOA DA
MULHER
Jesus estabelece notoriamente o valor da pessoa da
mulher. O inusitado aconteceu na sociedade judaica, a mulher que ao longo dos
anos era vista como uma “coisa” passou a ser vista por intermédio de Cristo
como uma pessoa (1 Co 11.8,9,11,12), que podia fazer parte dos seus discípulos,
“cooperando no seu ministério”. Analisemos abaixo:
3.1. A perspectiva do Novo Testamento. O próprio evangelista Mateus, sendo judeu, escrevendo
para os próprios judeus, ao narrar a genealogia de Jesus, deu importância a
figura da mulher descrevendo a presença de cinco delas, a saber: Tamar, Raabe,
Rute, Maria e a que fora mulher de Urias (Mt 1.3,5,16), o que não era costume
nesses registros.
3.2. A “diakonia”. Estas mulheres serviram a Cristo e aos seus
apóstolos, exercendo a “diakonia”, a prestação de um serviço, quando
contribuíam com os seus recursos próprios o sustento ministerial de Jesus e
seus apóstolos e, não como “diaconisa” no sentido ministerial, pois, nenhum dom
ministerial, inclusive o de diácono foi exercido por mulheres, como mostra o
texto de (At 6.3) “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens (varões)...”.
3.3. Mulheres citadas no texto de
Lucas (Lc 8.1-3). Não era comum que
mulheres fizessem parte do grupo de discípulos, mas Jesus quebrou este
pensamento. (1) Maria Madalena (Lc 8.2). Seu nome provavelmente deriva
da cidade de Magdala, na Galileia. Alguns acreditam que ela é a mulher descrita
em (Lc 7.37-50), mas parece altamente improvável que Lucas a apresente aqui,
pelo nome e pela primeira vez, se ela fosse a personagem principal do relato
que acabou de concluir. Do mesmo modo, embora esteja claro que ela sofrera nas
mãos de “demônios”, não há qualquer razão para se pensar que fora prostituta
(MACARTHUR, 2010, p. 1336). (2) Joana (Lc 8.3). Essa mulher também é mencionada em (Lc 24.10), mas em nenhum outro lugar
da Escritura. É possível que ela tenha sido a fonte de alguns detalhes que
Lucas conta sobre Herodes (Lc 23.8,12) (MACARTHUR, 2010, p. 1336). (3)
Suzana (Lc 8.3). Fora essa
referência, ela não é mencionada em nenhum lugar da Escritura. Ela
provavelmente foi alguém que Lucas conhecia pessoalmente (MACARTHUR,
2010, p. 1336).
3.4. Muitas outras mulheres (Lc 8.3). Mulheres anônimas, que
juntamente com as citadas acima, serviram a Jesus com os seus recursos
próprios, participando ativamente das três fases do ministério público de
Jesus. a) Iniciando na Galileia “... e muitas outras
(mulheres) que o serviam com suas fazendas” (Lc 8.3), b) concluindo no seu sepultamento “... e as mulheres
que juntamente o haviam seguido desde a Galileia...” (Lc
23.49,55), e c) continuando após a sua
ascensão “... e perseveravam unanimemente em oração e súplica com as
mulheres...” (At 1.14).
IV – MULHERES QUE EXERCERAM A “DIAKONIA”
Na tabela abaixo, exemplificamos algumas mulheres que
dedicaram suas vidas e seus recursos ao evangelho.
MULHERES
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REFERÊNCIAS
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DESCRIÇÃO
|
Febe
|
Rm 16.1,2
|
“... nossa irmã, a qual serve na igreja que
está em Cencréia... tem hospedado a muito...”.
|
Priscila
|
Rm16.3,4
|
“... Saudai a Priscila... meus cooperadores...
pela minha vida expuseram sua cabeça...”.
|
Maria
|
Rm 16.6
|
“Saudai a Maria, que trabalhou muito por
nós”.
|
Trifena
|
Rm 16.12
|
“Saudai a Trifena...
as quais trabalham no SENHOR...”
|
Trifosa
|
Rm 16.12
|
“...Trifosa, as quais trabalham no
SENHOR...”.
|
Pérside
|
Rm 6.12
|
“Saudai a amada Pérside, a qual muito trabalhou no
Senhor”.
|
A mãe de Rufo
|
Rm 16.13
|
O sentimento do apóstolo Paulo para com ela
era de filho para com uma mãe.
|
Júlia
|
Rm 16.15
|
Júlia é citada em um grupo que Paulo os chamou de Santos.
|
Evódia e Síntique
|
Ef 4.2-3
|
“... mulheres que trabalharam comigo no
evangelho”.
|
Loide e Eunice
|
At 16.1; 2 Tm 1.5
|
“... uma judia que era crente... uma fé
não fingida”.
|
CONCLUSÃO
Como vimos, nos dias de Jesus, o judaísmo não permitia
que as mulheres participassem ativamente da vida pública. O registro Lucano
eleva o olhar de Cristo para a pessoa da mulher e que aos olhos dEle a mulher
de fato é co-igual ao homem. O ponto central desta lição não é falar da
superioridade ou da inferioridade de ambos, mas apresentar o papel que cada um
deve ocupar na família, na sociedade e, em especial na igreja. Hoje, muitas
santas mulheres (1 Pd 3.5) auxiliam o anjo da igreja como professoras,
coordenadoras e secretárias das EBD's; dirigentes de círculo de oração adulto e
infantil; dirigentes de união de adolescentes, de campanha evangelizadora, do
PROATI e, muitas outras continuam a servir o Reino com seus recursos próprios e
suas vidas cooperando na grande Obra de Deus.
REFERÊNCIAS
·
GONÇALVES, José. Lucas o evangelho de Jesus, o homem Perfeito. CPAD.
·
MACARTHUR. Bíblia de Estudo MacArthur. SBB.
·
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
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