Igreja
Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas
Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av.
Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
2º TRIMESTRE 2015
(Lc 14.25-35)
INTRODUÇÃO
Nesta
lição estudaremos sobre a definição etimológica da palavra discípulo. Também
veremos como Jesus escolheu seus primeiros discípulos, e quais as
características de um verdadeiro seguidor do Mestre.
I – DEFINIÇÃO ETIMOLÓGICA DA PALAVRA DISCIPULO
A
palavra discípulo do grego "mathetes" significa
literalmente: "aprendiz" que é derivado de "manthano"
que é "aprender", e é aludido aos discipulos de Jesus (Jo 6.66; 8.31;
13.35; 15.8; 19.38; Lc 6.17) e especialmente aos doze apóstolos (Mt 10.1; Lc
22.11) e em Atos 6.1,2,7; 14.20,22,28; 15.10; 19.1 descreve aqueles que creram
em Jesus e confessaram o seu nome. Um discípulo não era somente um aluno, mas
um partidário, eram imitadores do seu mestre (Jo 8.31; 15.8) (VINE, 2002, p.
569 – acréscimo nosso). Variantes dessa expressão ocorrem mais de 290
vezes apenas nos evangelhos e em Atos. Embora a palavra “discípulo”
seja encontrada apenas duas vezes no AT (Is 8.16; 19.11), o conceito era
largamente praticado, Josué foi discípulo de Moisés (Êx 24.13; 33.11), Rute
aprendeu com Noemi (Rt 1.16-18), Samuel dirigiu uma escola de profetas (ISm
19.20) e Eliseu foi discípulo de Elias (2Rs 2.1-15). (ADEYEMO, 2010, p. 1252).
II - COMO JESUS CHAMOU SEUS DISCÍPULOS
Não
podemos confundir os apóstolos com os discípulos, pois, todo apóstolo foi um
discípulo, mas, nem todo discípulo foi escolhido como um apóstolo. Tornar-se
discípulo é bem diferente de tornar-se um aluno, pois, no discipulado, o
seguidor passa a conviver com o seu mestre e a viver como ele (1Pe 1.14-19;
2.15,16; 1Jo 2.3-6) e esse aprendizado é exercido diuturnamente. Os homens que
Jesus chamou para andar perto eram homens simples e comuns, mas que tinham em
suas vidas algo que atraiu o olhar e a atenção de Jesus sobre eles (WESLEY,
2006, p. 7). Analisemos:
2.1 Ele buscou a direção do Pai na escolha (Lc 6.12). Jesus passou uma noite orando
em favor dessa sublime causa. Ele buscou a vontade e a direção do Pai para
fazer essa escolha. Ele escolheu os seus discípulos pela orientação do céu.
Devemos submeter a nossa vontade à vontade sábia e soberana de Deus. Os
critérios humanos são falhos. As aparências enganam (1Sm 16.7). Se não
seguirmos a vontade de Deus, conforme estabelecida em sua Palavra, podemos
fazer escolhas erradas.
2.2 Ele escolheu homens para andarem com ele (Lc
6.13-16). A palavra
“cristão” foi usada originariamente por gentios, para se referir àqueles
discipulos que seguiam a Cristo (At 11.26; 26.28; IPe 4.1 6). Jesus designou os
doze apóstolos para estarem com ele. O que nos qualifica para a liderança não é
o ativismo, mas a intimidade com Deus. O ser vem antes do fazer. Deus está mais
interessado em caráter do que em carisma. Jesus chamou os discípulos para
estarem com ele. Esse é o primeiro chamado da liderança. Não podemos cuidar do
rebanho se não conhecemos intimamente o Senhor do rebanho.
2.4 Ele chamou homens simples para fazer parte da
liderança da igreja (Mt 4.18-22). Jesus escolheu doze homens totalmente diferentes. Ele
não escolheu esses homens porque eram perfeitos ou super-dotados. Jesus
investiu neles, trabalhou com eles, gastou tempo com eles. Ensinou-os,
corrigiu-os e amou-os. Depois, revestiu-os com o poder do seu Espírito (At
2.4). Suas vidas não continuaram sendo as mesmas. Eles foram transformados pelo
Espírito de Deus (At 1.8).
III - CARACTERÍSTICAS DE UM VERDADEIRO DISCÍPULO
Discípulos fiéis se
caracterizam por qualidades como: a) permanecer na Palavra de Jesus, b)
demonstrar fé inabalável e lealdade a ele, c) ter amor uns pelos outros, e)
andar na luz, f) produzir frutos e g) prestar serviço humilde uns aos outros
(Jo 8.31-36; 13.34-35). O discipulado exige também obediência (Lc 6.46).
(ADEYEMO, 2010, p. 1252). Vejamos algumas características do verdadeiro
discípulo:
3.1 O verdadeiro discipulo enfrenta os desafios
diários (Lc 9.23-27). Jesus
falou claramente a respeito do custo do discipulado (Mc 8.34-38; Lc 14.25-33),
salientando que envolveria sofrimento (Jo 12.24-26). Ele convocou seus
seguidores a negar a si próprios, tomar a cruz, colocá-lo acima de todos os
outros relacionamentos e assumir uma posição ao seu lado. O padrão de missão de
Jesus como Filho do Homem (Lc 9.22,26) é ser o modelo diário de discipulado.
Isso envolve o mesmo caminho de conquista própria e participação no sofrimento.
3.2 O verdadeiro discipulo renuncia sua própria vida
(Lc 9.23-27). Os
seguidores de Jesus são convocados a “tomar sua cruz” dia após
dia (Lc 9.23). De acordo com Jesus, tomar diariamente a cruz significa que o
discipulado é uma tarefa extremamente dolorosa, pois significa uma autodoação e
um esquecimento de si mesmo. Tomar a cruz quer dizer que a vida cristã é um
morrer diário para si próprio, assim como faz Paulo quando diz: “Dia após
dia, morro...” (ICo 15.31). Mais tarde, Lucas apresenta Simão de Cirene
cumprindo literalmente essa convocação de seu Senhor: "...
puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus” (Lc
23.26).
3.3 O verdadeiro discipulo é disponível (Mt 4.18-22). Sempre que tiver
oportunidade, o verdadeiro discípulo está disponível e ansioso por estar com
seu líder. Sua disponibilidade demonstra a importância que ele dá ao
relacionamento de discipulado e o Reino de Deus em sua vida. Cada convite para
o discípulo verdadeiro é uma oportunidade de crescer e servir. Podemos aprender
mais sobre discipulado observando o relacionamento entre Jesus e seus
discípulos. O discipulado
dos doze foi uma resposta pessoal ao chamado de Jesus
(Mc 1.16-1 7; Jo 6.60-70) e envolveu o abandono de seus próprios interesses e
confortos (Lc 9.57-62).
3.4 O verdadeiro discipulo ama seu mestre (Mc 3.14; Lc
6 12.13). Jesus
cumpriu as palavras da Antiga Aliança que nos ensinam a amar a Deus acima de
tudo (Dt 6.5; Mc 12.30,31). Isso não significa deixar de amar a todos e a tudo,
mas sim amar mais a Jesus. Na medida em que o meu amor por Jesus cresce, cresce
também o meu amor pelas vidas ao meu redor, pela minha família e por mim mesmo
(Jo 21.14; Lc 14.26). Marcos 3.14 nos diz que: "os
escolheu para que estivessem com ele". Isto quer dizer que Jesus
os chamou para que fossem seus amigos (Jo 15.15). É a palavra no grego "summathetes"
que significa: "discípulo companheiro" ou a expressão "mathetes adelphon"
que é: "discipulo irmão" (VINE, 2002, p. 569). É
surpreendente que Jesus precisasse de amigos humanos e os escolheu.
"... e chamou para si os que ele quis..." (Mc 3.13).
3.5 O verdadeiro discipulo é submisso (Mc 10.42-45). No Dicionário submisso quer
dizer dócil e servo, o verdadeiro discípulo reconhece que Deus não aceita menos
que um espírito quebrantado e contrito. (Sl 51.17). A falta de submissão é como
um câncer que cresce dentro de alguém, ás vezes a pessoa nem percebe que tem
essa doença, mas ele fica quieto, não dá sinais visíveis, mas num determinado
instante estoura e destrói tudo que está por perto. (I Sm. 15.24). Existem
três áreas que mais claramente é manifestada a rebeldia do homem: Em palavras,
argumentação e pensamentos.
3.6 O verdadeiro discipulo é fiel e frutifica (Jo
15.7, 8,12). O Aurélio diz que
fidelidade significa: “qualidade de fiel; lealdade, constância, firmeza
nas afeições, nos sentimentos; perseverança” (FERREIRA, 2004, p. 894). Dar frutos é reproduzir a vida
de Jesus em nós e em outras vidas. É ser um gerador de discípulos, um
consolidador e um pai espiritual. Um discípulo tem que permanecer na Videira
que é Jesus. Assim a seiva, a vida Dele, flui em nós e podemos dar fruto que
também permanecerá. Permanecemos Nele por meio da obediência à Sua Palavra, do
amor, da adoração, da oração e da comunhão com a Igreja.
3.7 O verdadeiro discipulo faz discípulos (Mt 28.19;
Jo 15.2). Ser
um discípulo implica vinculação pessoal a uma pessoa em particular que molda
toda a vida do discípulo. O aprendiz vive com seu professor, aprendendo ao
observar, ouvir e participar de tudo o que o mestre faz. O aprendizado
termina somente quando o aprendiz pode fazer o que o mestre faz. Essa
transmissão de conhecimento e experiência é essencial, pois não existe sucesso
sem um sucessor. Um caminho certo para preparar um sucessor é
discipulá-lo (2Rs 2.1-14; 2Tm 1.3-6) (ADEYEMO, 2010, p. 1252). A maturidade do
discípulo está em se tornar semelhante a Jesus tanto em Seu caráter quanto em
Suas obras. Nossa missão é fazer discípulos, mas ninguém pode cumprir esta
ordem de Jesus se primeiro não for um discípulo.“Você não será um
discípulo de Cristo até que tenha discipulado outro discípulo”
(ADEYEMO, 2010, p. 1039).
3.8 O verdadeiro discipulo é perseverante, humilde e serviçal
(Fl 2.5). Jesus, abrindo mão de sua glória e vivendo como homem, deu-nos o maior
exemplo para sermos seus discípulos. Como líder, Ele lavou os pés dos seus
discípulos e nos enviou para sermos como Ele. Servir é uma doação de amor ao
Senhor e ao próximo. É Deus quem exalta os servos humildes. O caminho para um
discípulo crescer em autoridade e honra é a humildade e o serviço. O orgulho,
egoísmo, soberba, e altivez não podem pertencer a um caráter semelhante ao de
Jesus (Mt 20.28 23.11,12; Mc 9.35; Jo 12.26; 13.12,15; Gl 5.13).
3.9 O verdadeiro discipulo imita seu Mestre
(1Co 4.16; 11.1; Ef 5.1; Fl 3.17; Hb 6.12; 13.7). O verdadeiro
discípulo do Mestre tem uma marca, uma característica que o identifica em
qualquer parte do mundo, ou em qualquer cultura. São valores e privilégios
inerentes a todos os salvos através da graça do Senhor Jesus Cristo. O
verdadeiro discípulo é um imitador de Jesus (1Co 11.1). Discípulos são
também imitadores que tentam agir como seus mestres. Recebemos a ordem de
imitar a conduta dos nossos mestres (2Ts 3.7,9), a fé confiante dos guias
espirituais (Hb 13.7) e aquilo que é bom (3Jo 11). Paulo encorajou aqueles a
quem levou a Cristo a imitá-lo (1Co 4.16; 11.1; Ef 5.1; Hb 6.12).
CONCLUSÃO
Ser
discípulo de Jesus é viver como Ele viveu, andar como Ele andou e imitá-lo em
todas as áreas do nosso viver! Isso é o que significa discipulado: treinar
cristãos até que eles se tomem capazes de servir ao reino. Precisamos
ensiná-los a viver corretamente e treiná-los nas armas da guerra espiritual.
Muitas vezes, seguir o discipulado de Jesus pode levar ao sofrimento, mais
temos a certeza que isso é para uma finalidade, pois, a luz serve para
iluminar, indicar a direção no escuro. De igual modo, o discípulo precisa ser
visível, por isso, o discipulado cristão exige sinceridade, por mais que lhe
seja custoso.
REFERÊNCIAS
·
EIMS,
LeRoy A arte perdida de fazer
discípulos. Editora Atos. 2002.
·
WESLEY,
Jessé. Você Realmente é um Discípulo? Editora No Teu Esconderijo. 2006.
·
ADEYEMO
,Tokunboh et al. Comentário bíblico africano. Mundo Cristão
·
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
·
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
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