Igreja Evangélica Assembleia de Deus –
Recife / PE
Superintendência das
Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton
José Alves
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(Tg 4.1-10)
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que a busca pela autorrealização humana é nociva
apenas quando é vista como um fim em si mesma. Em Tiago 4.1-10 encontramos o
apóstolo ensinando que aquilo que pedimos a Deus pode não ser concedido se as
nossas motivações forem equivocadas. Tiago exorta ainda que os cristãos não
deveriam estar em conflitos uns com o outros; e, por fim, ele lembra que
aqueles que decidiram seguir a Cristo devem se desligar completamente do mundo,
pois o Senhor exige exclusividade.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA AUTORREALIZAÇÃO
O Aurélio diz que a
palavra realizar significa: “alcançar seu objetivo ou ideal” (FERREIRA, 2004, p. 1190). Logo, a “autorrealização”
pode ser definida como “ato ou efeito de realizar a si próprio”.
“A realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de vida
são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe quando esse
anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando o Senhor nosso Deus à
margem da vida para eleger um ídolo: o sonho pessoal” (SILVA, 2014, p.
71). Em Tiago 4.3 vemos o apóstolo fazer
a seguinte exortação: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o
gastardes em vossos deleites”. O referido versículo expressa a busca
desenfreada e nociva das pessoas pela autorrealização material. “A ideia
central é que eles (os cristãos) desejavam a abastança financeira, a fim de se
ocuparem mais diligentemente na busca pelos prazeres” (CHAMPLIN, 2005, p. 63).
1.1 Ser cristão significa priorizar a busca
pelas coisas espirituais. Faz parte dos ensinamentos tanto do AT quanto do NT o incentivo a
prioridade pelas coisas espirituais (Is 55.1-3; Ag 1.2-8; Mt 6.33; Cl 3.1-3). O
Aurélio diz que “prioridade” significa: “qualidade duma
coisa que é posta em primeiro lugar, numa série ou ordem” (FERREIRA, 2004, p. 557). No texto de Mt 6.19-24, Jesus fala
da inutilidade de se esforçar DEMASIADAMENTE para ajuntar
tesouros nesta vida, pois aqui, a traça e a ferrugem podem consumir, e o
ladrão, pode roubar. Ainda nesta passagem, o Senhor diz que as riquezas podem
dividir o coração do crente, de forma que ele venha a ter dois senhores, a
saber: Deus e as riquezas. Isso é pecado de idolatria (Cl 3.5; Ef 5.5).
1.2 Ser cristão não é viver à parte da realização
material, mas buscá-la com equilíbrio. Ser um crente espiritual não significa viver
alheio as realizações terrenas. A Bíblia nos ensina a buscarmos as coisas
materiais com moderação
(Pv 30.7-9; Rm 12.16; I Tm 6.8). O Aurélio diz que “equilibrar”
figuradamente significa: “moderação, prudência, comedimento;
autocontrole, autodomínio” (FERREIRA, 2004,
p. 777). Temos vários exemplos bíblicos de homens que de forma comedida
usufruíram de prestígio social e riquezas; e, ao mesmo tempo, conservaram a sua
fé. Eis alguns: Abraão (Gn 13.2; Tg 2.23); Jó (Jó 1.1-3; 20-22); Daniel (Dn
1.17-21; 2.48); dentre outros (I Cr 29.1-3; II Cr 17.5; 32.27).
II – O PROBLEMA DOS
CONFLITOS
Em sua epístola, Tiago tratou de diversos
problemas entre os cristãos, inclusive a discriminação na igreja (Tg 2.1-12) e
o uso indisciplinado da língua (Tg 3.1-18). Agora, volta a atenção para as “guerras
e contendas que há entre vós” (Tg 4.1). Pelas palavras, o apóstolo deixa claro que havia divisões e disputas carnais entre os crentes. Ele nos fala sobre três tipos de conflitos que estavam
acontecendo no seio da igreja. Vejamos cada um deles detalhadamente:
2.1 Conflitos pessoais (Tg
4.1). Tiago nos mostra que a fonte
dos conflitos exteriores surgem de dentro do próprio homem (Tg 4.1-b). Veja
também (Mt 15.18,19; Mc 7.20-23; Gl 5.20). “A palavra “prazeres” não significa necessariamente paixão sensual; nesse caso, é apenas cobiça. A cobiça
está em operação nos membros do corpo e estimula a carne e gera problemas” (WIERSBE,
2008, p. 765). A carne é a natureza caída, isto é, as
paixões, os desejos e apetites desordenados que nela residem (I Co 10.13; Tg
1.14,15; Gl 5.16-21). Paulo exorta-nos a
entregar os membros de nosso corpo ao Espírito Santo, a fim de não cumprimos os
desejos da carne (Rm 6; Gl 5.16-26; Ef 4.22-30).
2.2 Conflitos
interpessoais (Tg 4.1,2). “As causas
das guerras e contendas não são meramente econômicas ou intelectuais, mas morais.
Como não havia nenhuma guerra civil nessa época, Tiago parece considerar
principalmente a ideia de “brigas pessoais e ações judiciais, rivalidades e
facções sociais e controvérsias religiosas” (BRUCE, 2009, p. 2157). Em Tiago
4.1 a expressão “guerra” no
grego “polemos” refere-se a “querelas e rixas”,
enquanto “contendas” no
grego “machai” traduz-se
como “conflitos e batalhas”. O apóstolo tinha em mente não as
guerras entre as nações mas as discussões e divisões entre os próprios
cristãos. A Bíblia exorta-nos a viver em comunhão, unidade e diante de
possíveis questões e desentendimentos praticar o perdão (Sl 133; II Co 13.11;
Ef 4.2; Fp 2.1-4; Cl 3.13).
2.3 Conflitos espirituais
(Tg 4.4). Tiago deseja chocar os
leitores quando os chama de infiéis, termo que
também pode ser traduzido por “adúlteros”. É bom dizer que “a infidelidade
em questão é caracterizada pela amizade do mundo baseada
em seus desejos e prazeres. Tiago condena tal transigência e fingimento. É
impossível servir a Deus e aos desejos do mundo, pois não se pode ser ao mesmo
tempo amigo e inimigo de Deus. É preciso escolher” (TOKUMBOH, p. 1553,
2010). Nesse caso, o conflito não era
pessoal, nem interpessoal, mas espiritual, pois alguns daqueles cristãos,
viviam indecisos sobre a quem deveriam servir. Todavia, o apóstolo diz que Deus
não aceita dividir o nosso coração com o mundo, pois Ele nos quer
exclusivamente para si (Tg 4.5; I Pe 2.9).
III – A POSTURA DO CRISTÃO
EM RELAÇÃO AO MUNDO
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade
do mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4.4). O
apóstolo não faz referência aqui ao adultério físico,
mas sim ao espiritual. Todo o conceito está baseado na ideia do Antigo
Testamento que apresenta ao Senhor como o marido de Israel e a Israel como a
esposa do Senhor. Esta figura é comum em todo o Antigo Testamento (Is
54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2). Neste
mesmo sentido espiritual o Novo Testamento fala de “geração má e
adúltera” (Mt 12.39; 16.4; Mc 8.38). Esta figura foi introduzida no
pensamento cristão com o conceito da Igreja como esposa de Cristo (II Co 11.2;
Ef 5.24-28; Ap 19.7; 21.9). “Esta forma de expressão pode ofender a
sensibilidade contemporânea, mas a figura de Israel como esposa de Deus, e da
Igreja como esposa de Cristo têm em si mesmo algo de precioso. Significa que
desobedecer a Deus é como quebrantar os votos do matrimônio” (MOODY, sd, p. 118
– acréscimo nosso). A Bíblia diz qual deve ser o comportamento do cristão em relação ao mundo:
POSTURA DO CRISTÃO
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REFERÊNCIAS
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Não ganhar o mundo às custas da alma
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Mt 4.8-10; Mt 16.26;
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Não ser do mundo
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Jo 15.19; 17.14,16
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Ser crucificado para o mundo
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Gl 5.24; 6.14
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Brilhar como a luz no mundo
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MT 5.13-16; Fp 2.15
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Negar os desejos mundanos e viver justamente
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Tt 2.12; Tg 1.27
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Não ser amigo do mundo
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Tg 4.4
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Escapar da poluição e corrupção do mundo
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II Pe 1.4; 2.20
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Não amar o mundo nem as coisas que há nele
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I Jo 2.15-17
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Ser como Cristo no mundo
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I Jo 4.17
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Ver o mundo com a fé
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I Jo 5.4-5
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Não se conformar com o mundo
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Rm 12.1,2
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IV – QUE ATITUDES DEVEMOS TOMAR PARA VENCER O
DIABO, O MUNDO E A CARNE
4.1 “Sujeitai-vos,
pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). A
ordem do verbo “sujeitai-vos”
exige uma ação passiva, a qual implica alinhar-se sob a autoridade de
alguém. A única maneira
eficaz de resistirmos às artimanhas do Diabo, assim como aos desejos e paixões
da nossa própria carne, é nos
rendendo incondicionalmente ao Senhor, em plena devoção (Mt 4.10; 1Pe 5.8,9).
4.2 “Chegai-vos a
Deus, e ele se chegará a vós” (Tg 4.8-a). Esta ordem indica
uma ação ativa dos crentes (Is 55.6). Esta atitude resulta numa reciprocidade
de Deus “ele se chegará a vós”. Confira também (Jr 29.13,14;
33.3; Mt 6.6).
4.3 “Purificai os
corações” (Tg 4.8-c). A purificação espiritual ocorre no ato da
salvação (At 15.9; Tt 2.14) e, por isso, exige de todo cristão uma purificação
pessoal, prática e constante (Lv 20.7; Js 3.5; II Co 7.1; I Ts 4.3; Hb
12.14).
4.4 “Humilhai-vos
perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10). Jesus
dignificou a humildade nos seus ensinos (Mt 18.4; Fp 2.5-11). Tiago e
Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a exaltação futura (I Pe
5.6).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, ser cristão
na perspectiva de Tiago significa priorizar as coisas espirituais; não estar em
conflito com os irmãos; e, desvencilhar-se completamente do mundo para servir
somente a Cristo, pois é assim que Ele requer.
REFERÊNCIAS
·
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
·
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo
Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano.
MUNDO CRISTÃO.
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